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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Reflexões de fim de viagem


Francisco estava apenas de passagem em Londres.
Não tinha pressa em ir a lugar nenhum, conforme até não ia.
Por isto não considerava que suas reflexões pudessem ter qualquer generalidade.
Houve um momento em que procurava se manter afastado dos turistas.
Agora parecia que queria também se manter afastado dos londrinos.
Não que lhes tivesse qualquer rejeição, não era isto. Ao contrário mostraram-se quase sempre atenciosos, gentis.
Era outra coisa que tinha a ver com o fato de que lhe pareciam muito iguais.
Ou, pensando melhor, parecidos.
Estranhamente parecidos como se tivessem sido instrumentalizados para algum tipo de robotização.
Mas estas eram considerações sem muito fundamento.
Aliás, sem qualquer fundamento. Começava a ter contato com pessoas que davam mostras de simpatia , senso de humor e criatividade.
E eram inglesas, talvez até londrinas.
Mas com o que mais se impressionava era com as estações de metro vazias.
Londres nestes momentos parecia uma cidade fantasma.
Sabia que lá encima, especialmente em lugares como o Soho, as ruas fervilhavam de gente sentadas ou em pé à frente dos pubs.
Mas esta animação não chegava até à profundidade das linhas do metrô.
Ali, passado o momento do rush, depois que todas as pessoas tivessem cruzado por alguns minutos, e ido embora para suas casas,  restava um grande vazio.
Uma ou outra pessoa ainda passa mas logo desaparece engolida em algum túnel.
Lá fora a noite já poderá ter chegado.
Francisco não sabe porque ainda ficou pela volta durante uns instantes.
Precisava sair , voltar para o seu país, distante dali.
Para a sua cidade que ficava no Sul e na qual, enquanto em Londres o verão prosseguia disfarçado de primavera, por estes dias fazia frio.

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