Pesquisa

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

São Paulo ao Rés do Chão (1) - Brique do MASP

  
 Para descontrair  quem viaja a São Paulo e para os moradores que apreciam
briques uma boa sugestão é ir até o MASP onde aos domingos, abrigados pela laje monumental  de 70 metros do museu, projeto da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi,  agrupam-se barracas expondo objetos antigos e curiosidades.
É a Feira de Antiguidades da Paulista criada em 1979 com cerca de 120 expositores.

Ronaldo Lemes ao lado de sua banca
Entre os expositores encontro  Ronaldo Lemes que diz estar há 30 anos no local e ser avaliador, ou seja, ter conhecimento para estabelecer o valor de peças.
Quando revelo ser de Pelotas conta que esteve mais de uma vez na cidade a caminho de Jaguarão para buscar  antiguidades

Depois de conversarmos por um tempo sigo percorrendo o brique.
Mais adiante encontro Maria Elinda Comparotto, uma simpática senhora que  em meio a alguns outros objetos , expõe peças de porcelana, especialmente xícaras.

Entre esses outros objetos pode-se ver à direita da banca, na ponta, pequenas caixas em  madeira nobre, delicadamente trabalhadas , segundo me conta, pelo seu marido.

Maria Compararotto embrulhando a xícara

Neste momento esclarece que ele é falecido e sente sua falta e pode-se notar que diz isto com muita tristeza.
São as últimas caixas restantes que não serão mais produzidas e  logo serão todas vendidas.

Voltando às xícaras acabo comprando uma , japonesa.
Maria mostra-se cntente por ter feito duas vendas, a minha e a de um casal que chega logo a seguir, já no final da feira.
Enquanto ela fica fazendo o embrulho , afasto-me um pouco para olhar a banca ao lado.
                                                                                               
Depois sigo em frente .
Entre os objetos que encontro chama-me a atenção uma pequena escultura reminiscente de Leda e o cisne.
Apenas quando retorno ao hotel, no outro dia, preparando a bagagem, dou pela falta da xícara!
Depois de conferir e examinar  onde pudesse estar  concluo que não estava mais omigo.
Ocorre-me de ter esquecido no brique mas como fazer contato para saber?
Seguindo a examinar os papéis encontro a nota de compra!
Nela um nome e um número de telefone.
Ligo.

Leda e o cisne
Pergunto pela senhora do brique.
Dizem-me que o número é do consultório de seu filho.
Mas gentilmente me passam o nome da måe
Ligo uma vez e cai na caixa.
Depois de um tempo ligo de novo e, desta vez, ela me atende.
- É sobre a caixa, me pergunta mas já afirmando.
Já sabia da situação, certamente informada pelo fiho, e me esclarece que o embrulho com a xícara ficou com ela, na banca.
Combinamos que enviará pelo correio.
Além de ficar satisfeito ponho-me também a pensar nos detalhes das coincidências da vida.
A não ser pela notinha,  que quase deixo de pedir, não teria mais como recuperar a peça.
Descubro também que ao rés do chão existe uma São Paulo de gente simpática, gentil.
E fico contente que nem eles nem nós tenhamos nos separado, como é a tese de alguns, do resto do país, nem tampouco, como querem grupos que fizeram manifestações exatamente nesse espaço do MASP, que a ditadura militar tenha qualquer perspectiva de voltar.


Um comentário:

Ortognática para dentista disse...

e ai faltou saber a xícara chegou??