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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

No espaço, no tempo

Percorrer as mesmas ruas, rever os mesmos cenários. recorrer os mesmos lugares nos dá um tipo de segurança,  a sensação de que nunca deixamos de estar presentes.
Permite-nos criar uma geografia própria do mundo, através de situações que revisitamos  com a familiaridade de estarmos em casa, de nunca termos nos afastado muito.
Esse sentimento, no entanto,  nos engana.
A ilusão que possamos alimentar de perenidade ao voltar aos mesmos lugares é frágil
Pois podemos voltar no espaço que vamos encontrar pouco modificado ou até inalterado, mas jamais voltaremos no tempo.
(foto P.R.Baptista)




sábado, 15 de agosto de 2015

Daniel Flores

Não sei quem é Daniel Flores até o momento em que, passando rapidamente pela feira de antiguidades de San Telmo, encontro num canto a exposição de suas fotos.
Não se pode dizer que é o melhor lugar para expor fotografias.
Como ainda é cedo ( em torno de 10 horas) ele não devia ter chegado há muito e as ia tirando de uma espécie de sacola e pendurando num mural.
Mas embora a forma inadequada de serem expostas ( seria bem melhor se estivesse numa galeria) o que não contribui para a sua valorização, não posso deixar de notar que seu trabalho é dotado de talento e de uma espécie de busca que só poderia precisar melhor se tivesse condições de o conhecer mais detidamente.
Entre as várias fotos de tango e de Buenos Aires, seus temas, uma me chama particularmente a atenção, por ter uma bicicleta como objeto central. Compro-a por 30 pesos
Não sei a data da foto, é um dado que poderia ajudar a situar a cena. De qualquer modo, não creio que seja antiga mas este é exatamente o clima que se sente. Lembra a atmosfera de um filme francês da década de cinquenta.
Aliás, Buenos Aires tem esta virtude tão cara para os melancólicos e nostálgicos.
Viaja-se no tempo embalado pelo som de algum tango que sempre toca vindo de algum lugar.