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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O TÚMULO DE MARX



túmulo original
Ainda tenho que escrever com mais detalhes sobre minha visita ao túmulo de Marx em Londres.

Uma "epopeia" que entre pegar o metrô, chegar ao cemitério, percorrê-lo e, depois, retornar, me tomou um dia inteiro.

O túmulo está no cemitério de Highgate ao lado de Waterlow Park, ao norte de Londres. A estação de metro mais próxima é Archway.

Contam-se histórias sobre o cemitério entre elas a da existência de um vampiro, "O Vampiro de Highgate" .

O cemitério é mantido por contribuições a começar pelo ingresso ( 4 ou 5 libras) que é cobrado.

O que me pareceu mais relevante enquanto permaneci no local foi a presença de muitos visitantes . À uma dada altura me foi dada a informação que o local do busto não é o local original da sepultura. Saí, então, à procura do local original e descobri, logo após, que outras pessoas faziam o mesmo.

Não havia, contudo, quaisquer indicações muito claras.  

Estas pessoas, portanto, ficavam rodeando, andando de um lado para o outro, à procura da tumba.

Até que, finalmente, alguém acenou e todos correram ao local onde, de fato, encontrava-se, ao nível do chão, uma lápide, quebrada, com as inscrições dos nomes, bem apagados, de Marx e sua mulher.
Ao redor da tumba se aproximaram , então, as pessoas que circulavam por perto procurando encontrar o local.
Uma delas, uma mulher, que se postou ao meu lado, fazia então movimentos de reverência como se estivesse diante de um local sagrado. 
Na oportunidade encontrei também, em meio aos visitantes, um brasileiro, carioca, professor universitário, me lembro que de História e fiel seguidor de Marx e do socialismo.
Ficamos tirando fotos um do outro e sempre que me cabia tirar ele levantava o braço com o punho fechado. 

A visita apresentou também alguns incidentes bem literários os quais, mais adiante, ainda poderia relatar. 
Como a presença de uma jovem, loira, muito atraente, que perambulava pelo cemitério e que tinha nos orientado para encontrar o túmulo original. 
Mais tarde, quando já estávamos, eu e meu amigo, nos encaminhando para sair ela reapareceu mas, desta vez sem se dirigir a nós passou e, seguindo adiante, desapareceu por uma das alamedas do cemitério de uma forma que parecia estar convidando a ir com ela.
Não seria, sob a aparência de uma linda jovem, o Vampiro de Highgate ? .
Confesso que até hoje me pergunto se não deveria tê-la seguido e já estava meio encantado quando meu amigo me puxou pelo braço e me disse: vamos embora, vamos tomar uma cerveja.
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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Manequins

Tenho uma atração por vitrines.
Quando menino saía, à noite, com meu pai e minha mãe, para admirá-las.
Na época isto era um costume da cidade pacata, quase um ritual principalmente dos fins de semana quando as ruas ficavam repletas de gente que saía a passear.
Mas ainda hoje estou sempre procurando algum elemento novo.
Confesso, é bem verdade, que olho de um modo muito crítico o apelo ao consumismo que está fortemente presente em todas elas.
Mas não posso deixar de ser atraído pelo lado estético, particularmente com relação ao reflexo que se obtém em algumas situações provocando uma superposição de planos cada qual mostrando um lado particular da realidade.
E quando há manequins nas vitrinas isto me causa um fascínio misturado a uma certa inquietação pois tenho às vezes a sensação de que eles não estão inteiramente inertes.
Também me atrai ter meu vulto, muitas vezes, aparecer escondido em meio ao reflexo da vidraça.
É uma forma meio fantasmagórica de estar na cena.
Mas o que eu imagino é estar eu próprio no lugar de um manequim, encarando os transeuntes, e, de modo súbito, fazer inesperadamente pequenos movimentos, como simplesmente fechar os olhos, para assustá-los.  


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O Céu em Londres


O céu em Londres é permanentemente cruzado por aviões, vários, como se a Esquadrilha da Fumaça estivesse se apresentando.
Em alguns momentos são tantos que provocam o efeito que se vê na foto em Trafalgar Square.
Mas não se ouve, pelo menos no centro, nenhum ruído dos motores dos aviões que passam alto sendo, portanto, um espetáculo silencioso.
E é também, ao final, uma espécie de atrativo para o olhar do viajante, sempre atento a tudo que lhe pareça ser diferente do mundo ao qual está acostumado.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Paris, uma Pelotas européia?

As cidades européias, especialmente Paris e Londres, com o incremento considerável de viagens de brasileiros, passaram a ser maciçamente motivo de deslumbramento e fascinação tornados públicos através de fotos e palavras postados nas redes sociais.
No caso de Pelotas esta relação toma uma feição muito própria em razão do conceito, frequentemente manifestado, da cidade ser uma espécie de sucursal cabocla da capital francesa.
Mantemos até mesmo, com sua torrezinha de ferro assomando por cima do Mercado Central, um simulacro da torre Eiffel a simbolizar, de forma ingênua, esta vontade de declararmos nossa consanguinidade.
Mas, a seguir uma certa lógica, também não poderíamos considerar Paris uma Pelotas européia?
O que se vê aqui , parece fazer sentido, também se veria lá, como se Pelotas e Paris fossem uma o espelho da outra, nas virtudes e nos defeitos.
E quando apontamos , por exemplo, o desleixo da nossa população em jogar lixo na rua é no sentido de ser um procedimento próprio de quem não assimilou inteiramente os padrões europeus de urbanidade que teriam de ser almejados..
Esta linha de raciocínio, no entanto, pode nos levar a contradições.
Num dado momento pretendemos ser europeus, parisienses em particular, por aspectos da arquitetura e da cultura que insistimos em chamar a atenção que lembram o Velho Mundo, mas, ao mesmo tempo, persistem em nós traços que carregamos e que nos afastam dessa excelência.
Estes traços, como fazem alguns , podemos atribuir aos portugueses, aos nossos olhos por vezes uma espécie de europeus menos evoluídos, aos negros ou aos  índios, dependendo da oportunidade.
Seja como for conspurcam a pureza de nossas origens européias franco-anglo-saxônicas.
Em razão deste entendimento confundia-me, portanto, toda a vez que encontrava uma situação na qual estes aspectos se mostravam contraditórios.
Ainda não sei como explicar, por exemplo, o costume francês de fumar de forma ostensiva e intensamente em todos os lugares.
E muito menos o de jogar as pontas dos cigarros por toda a parte.
Há cinzeiros até nas ruas, nas calçadas, para contornar este hábito mas a preferência pode recair, como na foto, em lugares pouco indicados transformados em cinzeiros públicos.
Fico, então, sem saber.
Seria este um costume de "primeiro mundo"  a ser imitado?
Ou mantemos a forma cabocla que temos progressivamente assimilado de dar destino adequado aos tocos de cigarros, fumar apenas em lugares autorizados ou nem fumar?
E me pergunto.
Seria Pelotas uma Paris brasileira?
Ou Paris uma Pelotas européia?