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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Florianópolis, Livraria Livros&Livros e Jorge Ramos

Jorge Ramos com sua exposição na rua




Em minhas periódicas visitas a Florianópolis procuro rever alguns lugares conhecidos.
Um deles, de minha especial predileção, sempre foi a Livraria Livros&Livros na rua Jerônimo Coelho no centro
Mas desta vez, um susto.
Ao chegar ao local encontro uma loja.
Ainda circulo um pouco pela volta para me certificar de que estava no local certo.
Estava.
É a segunda vez que experimento essa sensação de " estranheza" . Na primeira que relatara em outro momento e que transcrevo abaixo, se dera com relação ao "sumiço" do subsolo da livraria.
Mas, desta vez, tratava-se da livraria inteira.
Acabo me informando mais tarde, pesquisando, que ela reabriu no campus universitário.
Pequeno consolo.
Sua existência no centro tinha um significado especial e seu desaparecimento é irreparável.
Já retornando do local encontro , numa esquina próxima, a exposição na rua de Jorge Ramos ( foto acima)
Aproximo-me e, em pouco tempo,  estamos conversando animadamente.
Seu trabalho, até pelo tema, marinas, chama-me a atenção e acabo comprando dois trabalhos.


Relato feito há uns 3 anos:

EM QUE SE FALA DE MÚSICA, DE CICLISMO, DE BARCOS E OUTRAS COISAS SEM IMPORTÂNCIA.
Volto a Florianópolis pra tratar de assuntos particulares.
Mas até por ter morado durante um ano e ter voltado inúmeras vezes, mantenho com a cidade uma relação mais próxima que me permite, ao mesmo tempo, ir descubrindo coisas novas e reencontrando reminiscências.
Isto torna a cidade especial e considerando sua beleza natural e seu encanto próprio, um lugar prazeiroso de estar.
Vinha fazendo mentalmente algumas anotações, no primeiro momento um pouco dispersas, isoladas umas das outras mas, aos poucos, pareceu-me ter sentido reuní-las todas no mesmo relato.
E o momento de iniciar surgiu de forma bem propícia.
Sentado numa mesa de café da livraria Livros & Livros , cercado obviamente de livros, vejo à minha frente, penduradas na parte de cima da entrada, da esquerda para a direita, fotos de Kafka, João C. Melo Neto ( escrito assim), Adélia Prado, Fernando Pessoa, Jorge Luis Borges ( de perfil), Ezra Pound ( envelhecido, recostado num sofá) , Jean-Paul Sartre ( ainda jovem segurando com a mão um cachimbo junto à boca) e, na extremidade direita, Carlos D.Andrade ( escrito assim).
De onde estou posso ver os títulos de alguns livros.
Numa estante na entrada títulos onipresentes certamente porque, além de terem se tornado clássicos, não pagam direitos autorais. Kaffa ( A Metamorfose), Agatha Christie, Dostoievsky ( Crime e Castigo), Memórias de um Sargento de Milícias ( Manuel de Macedo) e assim por diante.
 Preciso dizer mais algumas coisas desta livraria.
No primeiro dia em que vim estava à procura de um cyber.
Lembrava-me, alguma vez, ter recorrido a ele.
A livraria me é familiar, fica na subida, de quem vem pela Felipe Schmidt, da Jeronimo Coelho. Desta vez, no entanto, para minha surpresa, não vi nem sinal do cyber dentro da livraria.
Ao procurar saber se ele tinha sido fechado, recebi dos empregados a informação de que ele não existia nem tinha existido.
Ainda perguntei se não havia um subsolo e a resposta, novamente, foi negativa.
Quando voltei à rua, estava perturbado e permaneci assim até o outro dia quando decidi voltar. Sentei-me numa mesinha do café e puxei conversa com um homem, na mesinha ao lado, que me pareceu ser um frequentador antigo.
Indaguei-lhe sobre o cyber mas, ao me responder que também não sabia de sua existência, meu desespero aumentou.
Uma sugestão sua, no entanto, deu-me esperança.
Disse-me para falar com o dono da livraria que circulava por ali naquele momento.
Conforme verifiquei depois sua presença era eventual.
Interpelei-o sobre a questão e, para grande alívio, confirmou-me a existência do cyber.
Só que isto era coisa já de uns 4 anos.
Explicou-me que o retorno do serviço não era compensador, falou-me também da dificuldade de manter a livraria.
Fiquei um pouco entristecido pois a oferta de cybers é muito pequena em Florianópolis e chegam a cobrar até 4 reais por hora.
Além disto o local era muito apropriado pois podia-se aproveitar para olhar os livros e tomar um café. De qualquer forma sentia-me redimido.
Desta vez quando saí à rua parecia que o mundo estava mais transparente, menos ameaçador.
Saí sem medos, sem temores de riscos insondáveis e ocultos .
Poderia falar mais da livraria Livros & Livros.
Parece que ali reúnem-se, além de frequentadores que vão à procura de tomar um café ou um chá acompanhado de algo para comer, pequenos grupos cuja conversa gira em torno de assuntos com algum fundo cultural.
Numa de minhas visitas à livraria me aproximei de um destes grupos para sondar o grau de comprometimento que tinham com estes assuntos.
Perguntei sobre a literatura local e me indicaram alguns nomes. O que mais me ressaltaram foi o de Jaime Hammes.
Indicaram-me também um livro.
Um dos que estava à mesa disse-me pertencer à Academia Catarinense de Letras mas, ficou-me subtendido , que pela autoria de livros sobre política.
Aproveitando que estava numa livraria procurei pelos livros mas não os havia.

Um comentário:

Beto Gomes disse...

Há alguns anos, em visita à minha filha, que mora em Florianópolis, ela me levou, com grande entusiasmo, para conhecer a Livros & Livros. Fiquei impressionado. Acho que, na ocasião, o Cyber já estava fechado. Abraço, Renato.