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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Manequins

Tenho uma atração por vitrines.
Quando menino saía, à noite, com meu pai e minha mãe, para admirá-las.
Na época isto era um costume da cidade pacata, quase um ritual principalmente dos fins de semana quando as ruas ficavam repletas de gente que saía a passear.
Mas ainda hoje estou sempre procurando algum elemento novo.
Confesso, é bem verdade, que olho de um modo muito crítico o apelo ao consumismo que está fortemente presente em todas elas.
Mas não posso deixar de ser atraído pelo lado estético, particularmente com relação ao reflexo que se obtém em algumas situações provocando uma superposição de planos cada qual mostrando um lado particular da realidade.
E quando há manequins nas vitrinas isto me causa um fascínio misturado a uma certa inquietação pois tenho às vezes a sensação de que eles não estão inteiramente inertes.
Também me atrai ter meu vulto, muitas vezes, aparecer escondido em meio ao reflexo da vidraça.
É uma forma meio fantasmagórica de estar na cena.
Mas o que eu imagino é estar eu próprio no lugar de um manequim, encarando os transeuntes, e, de modo súbito, fazer inesperadamente pequenos movimentos, como simplesmente fechar os olhos, para assustá-los.  


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